“Sem música, a vida seria um erro.” – (Friedrich Nietzsche, filósofo)
Na última sexta-feira, dia 28 de Fevereiro de 2014, sofri um baque com uma atitude ingrata vinda de pessoas por quem tinha um tremendo apreço. Com a máscara do profissionalismo, a ética sucumbiu a palavras covardes, não deixando sequer a oportunidade de entender o real motivo da ação. Infelizmente, não se pode cobrar que as pessoas sejam como você acredita ser o certo, ainda mais de como o seu próximo deve ser tratado. Mesmo com essa situação extremamente chata, resolvi me voltar às palavras. Não sou sequer um escritor razoável e acredito que minha capacidade léxica seja bem limitada. No entanto sinto que as poucas e simplórias palavras despejadas nessas frases farão com que eu me sinta melhor.
A ocasião, na verdade, apesar de tola para quem está de fora é muito especial para mim. Hoje, dia 03 de Março de 2014, além de ser aniversário do meu grande tio Roberto (67 aninhos! Parabéns, tio!), é meu aniversário de 20 anos como músico! Sim! Em 1994, com apenas 13 aninhos de idade, ganhava meu primeiro violão Rei Tonante, comprado no extinto Mappin próximo à Rua Direita. Ele tinha cordas de aço com tração (extremamente) alta e eu não soube afiná-lo por, pelo menos, uns 10 meses. Na época pré-internet, era complicado conhecer pessoas que tocavam e que poderiam ensinar como afinar e tudo mais. Mas, acredito que foi o que mais despertou na paixão de querer saber sempre mais.
Há alguns dias conversei com meu amigo Fred sobre como comecei a tocar… Pegava emprestado revistinhas “Toque Fácil”, datilografava (sim, computador não era pra qualquer um) as letras e, na sequência, com uma caneta ponta-porosa, colocava as cifras precisamente sobre a posição igual à revistinha e, ao lado delas, desenha TODAS as cifras para ir guardando na memória. Há 20 anos, ao pegar esse meu primeiro violão, já saiam uns 20 acordes desafinados somente pela lembrança dos desenhos feitos nesse “sistema de estudo”.
O resto é história: algumas aulas de violão clássico, guitarra Fender Stratocaster Southern Cross (Fender brasileira fabricada pela Gianinni), palhetas, pedais, cabos, bandas, composições toscas, outras bandas, composições menos toscas, “More than words” para as menininhas, revistas “Cover Guitarra”, revistas “Guitar World” na banca próxima à ETFSP, tocar no saguão da escola, Modos Gregos, Pentatônicas (sim, aprendi fora de ordem estudando sozinho), IG&T, Blues, Jazz, mais bandas, demos, músicas próprias, lecionando música, abrindo escola de música, tocando na noite, aprendendo a cantar por não achar vocalista pra banda, CD de música própria, mais shows na noite, parceiro de composição, novo CD de música própria, fechando escola de música, instrumentos roubados em um Ano Novo, pausa na música, volta pra música, adquire novos instrumentos, novas bandas, bandas antigas voltando e, finalmente, hoje!
Apesar de (bem) resumida, essa é a descrição desses 20 anos. Diversos pontos como amizades, namoros, casamento e outras escolhas profissionais foram suprimidas, mas ainda estão nas entrelinhas (ou vírgulas, no caso). O mais engraçado é que, sinceramente, parece que foi ontem. Quando você ouve os mais velhos dizendo “o tempo passa muito rápido”, você não consegue sentir o significado disso até, como sempre digo, começar a contar histórias de, no mínimo, uma década atrás.
Bon Jovi, uma das minhas bandas favoritas, hoje é Classic Rock. Assim como The Police, Van Halen, U2, Pearl Jam, Nirvana, Soundgarden, Stone Temple Pilots, entre outras bandas da minha pré e adolescência. Assusta pensar que o “Use your illusion” do Guns n’ Roses para essa molecada de 15 anos é equivalente ao “Led Zeppelin IV” para mim. É nessas horas que essa jornada começa a tomar forma de anos, meses, dias e, se forçar um pouco a memória, horas mágicas que fizeram parte dela.
Até hoje subir ao palco gera um friozinho na barriga, mesmo tendo perdido a noção de quantas vezes fiz isso. Cada vez que tiro uma música que gosto a emoção é praticamente a mesma, com a diferença apenas da bagagem técnica adquirida ao longo desses anos. A felicidade ao fazer o último acorde de uma música e receber os aplausos é um tipo de conexão única com quem gosta daquilo que está ouvindo. Essas mágicas, apesar de soar um pouco pedante, só um artista consegue realmente sentir. Seja um pintor ao expor seu quadro, um ator ao finalizar sua peça ou filme, ou mesmo aquele cara com violão em algum barzinho que, com certeza, já foi. Só quem já esteve do lado de cá da arte consegue entender esse tipo de sentimento. E, acredite-me, não é fácil de explicar em palavras.
20 anos. Não há maneiras de definir como seria minha vida sem a música nesse tempo. A única certeza que tenho é que, sem a música, eu não existiria. Somente um reflexo tolo, frio e entediante à procura de algo que nunca conheceu.
Por isso, a todos que fizeram parte dessa minha caminhada, de forma direta ou não, meus sinceros agradecimentos pelo simples sorriso ao ouvir uma parte de mim em forma de som.
“Não sei qual é a chave para o sucesso, mas a chave para o fracasso é tentar agradar todo mundo” – (Bill Cosby, comediante)
E depois de mais de 2 anos, eu volto a escrever nessa birosca… Muita coisa mudou, inclusive o senhor que vos escreve… Sim! Senhor! Desde a última vez eu me casei e venho levando uma vida a dois (e muito feliz! Thank you very much!). Aí vem a pergunta: “mas, seu gordo, por que você diz que está feliz e põe um título desses?”. Pois bem, amiguinho que lê essas palavras, a verdade é que nem sempre foi assim.
Nesse últimos anos – não consigo rastrear quantos – caminhei para um estado de depressão latente, aonde nada me animava. Tinha uma família que, mesmo com problemas como todas, é ótima. Tinha diversos amigos com quem podia passar o tempo e conversar. Tinha uma namorada/noiva maravilhosa que, além de compreensiva, sempre me incentivava a crescer. Tive diversas mudanças de trabalho, mas no final, estava num emprego estável e numa empresa muito tranquila de se trabalhar. No entanto, nunca entendi o porquê desse vazio.
Hoje estou numa nova fase da minha vida. Não apenas porque acabou de começar 2014 e as resoluções que naturalmente surgem, mas porque resolvi dar mais uma chance a essa nova forma de vida. Esse últimos meses estou como consultor para a PWI, empresa na qual trabalhava, além de pegar alguns projetos muito legais e me envolver com UX cada vez mais. E, além de um pouco mais de tempo para curtir minha esposa e amigos, algo vem explodindo nessa cabecinha gorda: uma necessidade louca de criar! O mais estranho: criar em geral!
Tenho vontade de voltar a tocar em diversas bandas, vontade de retomar minhas composições (seja em inglês, português ou qualquer outra língua… rs), tenho uma vontade louca de retomar algo que fazia há muito tempo que é desenhar e sempre achei que era ruim demais para fazer, talvez ir para pintura também e, algo que há tempos não conseguia me empolgar para fazer que é isso aqui: escrever!
Assim como acontece no meu trabalho, não consigo desligar. Sem falar na cobrança. O famoso “8 ou 80″ que me assombra há tempos. E com isso, vou deixando o que eu gosto se não for pra fazer algo que seja maravilhoso e que agrade todo mundo. Como na própria frase do começo desse post, isso é ridículo e, infelizmente, perdi alguns anos da minha vida por conta disso. E até trocaria a palavra “sucesso” por “felicidade” mesmo.
Criar é algo ótimo. Hoje percebo que, mesmo essas palavras piegas que talvez não “bata” em você do jeito certo, elas precisam ser colocadas para fora. E se caso você se identifique, eu realmente recomendo que você dedique tempo para fazer o que realmente gosta. E tente criar algo com o que você sabe… Cobrança zero! (Você já tem o suficiente de cobrança no seu trabalho). Você vai se surpreender.
Esse post é mais um desabafo do que um conteúdo específico. Logo menos devo colocar algo novo por aqui, seja sobre música, seja sobre filme, seja sobre política, seja sobre mim, seja sobre você, e o melhor de tudo é que realmente me fará um pouco mais feliz na vida. Seja bom ou ruim, será meu e sincero!
“Eles podem ser grandes pessoas, Kal-el… Eles desejam ser… ” – (Jor-El, interpretado pelo eterno Marlon Brando no filme Superman de 1977)
Ao contrário dos outros posts, peço apenas a você, amigo / leitor, que tente lê-lo com duas situações em vista:
- um mundo mais justo, talvez com heróis com ou sem poderes, seria muito melhor.
- um pouco de fantasia não faz mal a ninguém e você acredita nisso (mesmo que no seu dia-a-dia não). Entre no “faz-de-conta” e divirta-se.
Estou para fazer esse post há mais de 4 meses. Sim! Se você não sabe, Smallville acabou no dia 13 de Maio (recomendo ler o post mais imparcial do site Omelete). Alguns fatores me levaram a demorar tanto: uma neurose de rever TODOS EPISÓDIOS das 10 temporadas, um obsessão de pesquisar sobre diversos personagens na mitologia, além de um paralelo (assistindo 2 temporadas) para entender o porquê de Lois & Clark não ter tido o sucesso da série do menino super-poderoso de Pequenópolis. Ah, e lógico: um ciclo de trabalhos que quase não me permitiu aguentar o tranco. Para não enlouquecer com a correria em que vivo no momento, resolvi parar um tempo e escrever esse post… Por isso, aqui estamos…
Não dei muita bola quando ouvi o nome “Smallville” pela primeira vez. Não associei ao herói. Um dia, alguém me explicou que era a história do Clark Kent ainda em sua cidade Natal. Realmente fiquei interessado, uma vez que nos filmes só tínhamos um “resumo” do que era sua vida lá. Alfred Gough & Miles Millar arriscaram certeiramente ao trabalhar o conceito.
Você pode não ser fã de Superman, mas não há como negar que o Piloto da série é um dos melhores retratos do herói enquanto ser habitante da Terra. A maneira como trabalharam o relacionamento com os pais, amigos de escola, Lana Lang e sua fraqueza-mor: kryptonita verde. Isso tudo contextualizado à realidade dos dias de hoje, onde temos internet, celulares e diversas outras tecnologias. Isso, acredito, foi muito bem inserido nessa versão da mitologia. A história é contada de uma maneira tão crível (lembre-se dos pontos do começo do post) que é aceitável até a inserção de Lex Luthor como alguém próximo à idade de Clark e residente em Smallville.
Durante a série tivemos diversos altos e baixos (como em qualquer série que consegue durar mais do que 5 anos). As primeiras 3 temporadas são ótimas e caminhavam para algo fiel ao que conhecemos. À partir da 4ª temporada começamos a sentir a tendência da série. Lois Lane entra na parada mostrando que o que conhecemos caminhava para algo diferente. A princípio eu sempre achei que a idéia era a série terminar enquanto “Smallville” e, uma vez que ele se tornasse Superman, a série viraria algo como “Metropolis” e continuariam ainda com Tom Welling a história por lá. Não foi assim, mas não posso dizer que não gostei do destino. A jornada que comprometeu um pouco…
Lex Luthor, Lana Lang, Lois Lane (incrível a quantidade de “LL”, não? rs), Perry White, Oliver Queen (Arqueiro Verde), Jimmy Olsen (bela maneira de retratar, by the way), Zod, Arthur Curry (Aquaman), Bart Allen (Impulso, em uma das realidades filho do Flash), entre centenas de outros personagens como a Sociedade de Justiça da América e a Legião. A cada aparição percebíamos a melhora da história do episódio e consequentemente, ápices na série. Sinceramente, a série não atingiu o nível de estabilidade de comédias em geral por conta dos “apelos” dos roteiritas e produtos ao longo dela. Personagens como Apocalipse (Doomsday) aparecendo e forçar a barra entre Lana Lang e Lex Luthor (momento Dawnson’s Creek da série) realmente derrubaram a audiência e paciência de fãs da série. Tanto que os índices são claros depois da 4ª temporada. Uma vez que resolveram parar com essas “baboseiras” a série voltou aos seus eixos. Eu compararia as 2 últimas temporadas ao mesmo nível das 3 primeiras.
Alguns pontos que acho muito legal em Smallvile e devem ser destacados:
- Clark Kent foi tratado na série como um humano com super-poderes, mas acima de tudo, um humano. As dúvidas e questionamentos que surgem ao longo dos episódios, ao meu ver, encaminham seu destino a se tornar o salvador da humanidade. Você consegue ter empatia pelo personagem e, apesar de todas as perdas e resgate de poderes ao longo da série, ainda assim monta sua personalidade enquanto ser superior e justo. Uma música que mostra isso perfeitamente é “Superman” da banda Five for Fighting. Vale a pena!
- Lex Luthor não é um cara mal por natureza. O ambiente e escolhas feitas que o tornam um dos maiores inimigos da história dos quadrinhos. Assim como Clark, nós vemos sua jornada culminar no vilão que todos conhecemos (seja por qual mídia for).
- Não importa o quão legal um herói seja, o que o faz ser o que é são seus inimigos. Isso Smallville soube retratar na sua maioria das vezes (por favor, Apocalipse só faltava o zíper do Spectroman para ser pior) perfeitamente. Além do próprio Lex Luthor, muitos apareceram para encaminhá-lo para seu destino. Nas “pesquisas”, é o que me leva a crer o fracasso da série predecessora “Lois & Clark”, onde tínhamos inimigos até conhecidos na mitologia do herói, mas retratados mais para a comédia do que para ficção em si.
- Como pôde durante todos esses anos “a melhor repórter do incrível Planeta Diário e uma das melhores do mundo” não conseguir perceber que Clark Kent e Superman são a mesma pessoa? Para mim, sempre foi um ponto a se destacar. Apesar de Margot Kidder ser a única que conseguiu esse feito ser possível (assista os filmes de Richard Donner e repare que ela praticamente não olha para ele, sempre de relance e já com o preconceito), Teri Hatcher e Noel Neil (principalmente a primeira) seriam perfeitas imbecis se não descobrissem quase de imediato a verdade. Em Smallville eles conseguiram torná-la menos idiota e fazer jus à fama da personagem. Apesar de ousado, acredito que essa seria o verdadeiro mérito de Lois Lane: descobrir até quem era o misterioso salvador com o símbolo S. Mesmo com todo o medo que tinha da cagada que poderiam fazer, ganhou meu respeito por terem quebrado esse estigma defasado da mitologia do Superman. Ponto para os roteiristas!
- Mesmo com falhas, analisando toda a série, conseguiram finalizar mantendo a idéia original e, apesar de todas as falhas no meio do caminho que é comum numa série de ficção tão extensa (vide “Arquivos X”), abriraram e fecharam com chave de ouro. Deveram um pouco aos fãs ver Tom Welling realmente vestido com a fantasia (no último episódio não temos uma visão total frontal, lateral ou sequer real, apenas CG), mas não compromete o intuito que é mostrar antes de se tornar Superman. Vale muito à pena ainda assim.
Quanto pensei em escrever esse post, tinha centenas de idéias e contextos para embasá-lo. No entanto, além de demorar de mais para fazê-lo, nunca acharia o caminho perfeito para terminá-lo. Portanto, resolvi trazê-lo mais para o pessoal como sempre fiz nos meus post ao invés de trabalhar uma análise fria e absoluta.
Há um mês mais ou menos vi um retweet da opinião de Grant Morrison sobre a diferença entre o Batman e Superman: “Superman passou a infância colhendo feno em uma fazenda e é um herói da classe operária, por isso as pessoas não gostam dele. Já o Batman é um bilionário que dorme até as três da tarde, veste uma roupa de borracha e sai pra dar porrada nos pobres.”. Ressalvas à análise social, mas a idéia é brilhante! Todos nós podemos ser o Batman (vide Sheldon Cooper sobre isso… rs) com as ferramentas apropriadas, mas nunca poderemos ser o Superman. Além de super-poderes, ele é um “Jesus Cristo fictício”, ou seja, nunca nos decepcionará tal qual nunca seremos como ele. Ele é um ideal intocável. Achar o meio-termo entre isso e sua humanidade é o que Smallville consegue fazer… Durante a série temos diversos exemplos do que aconteceria se Clark Kent se desvirtuasse de seu caminho, e o fato dele ter crescido numa fazenda com ótimos pais que eram Jonathan e Martha Kent o encaminhou para o bem.
É normal ouvir as pessoas dizendo “Superman não tem graça! Ele pode tudo!”. Por muito tempo eu pensei assim… No entanto, não é esse aspecto que pego do personagem… É seu senso de justiça, de melhorar sempre e em momento algum fazer o mal ao próximo. Preservar a vida acima de tudo e utilizar seus dons para algo bom para humanidade e seu próximo. Alguém já ouviu esses preceitos em alguma religião? rsrsrs… Brincadeiras à parte, para mim é isso que temos de levar do Superman.
Fale o que for, mas é muito comum vermos crianças adorando Superman, querendo voar e ter poderes… Muitas delas por sofrer o famoso bullying na escola (essas adorariam mais ser o Batman pra descer o cacete nos moleques), outras por ainda serem puras suficiente para acreditar na bondade. Em verdade, não seria melhor todos pensarmos assim? A vida nos inflinge diversas atrocidades que nos faz deixar de acreditar até em algo maior. Existindo Deus ou não (não me importa sua religião nesse contexto… mesmo…), pensar que podemos ser melhores e mais justos não faz mal a ninguém… E, sinceramente, isso que está faltando no mundo…
A base do que é o Superman é resultado de amigos bons, experiências boas com os que o rodeiam e, principalmente, educação! Isso faz com que ele seja quem é… Com ou sem poderes (como é demonstrado na série), ele é o Superman. A perfeita definição de “incrível” se encaixa ao personagem, com ou sem poderes. Somos humanos e falhos, por isso não conseguimos acreditar existir alguém como ele… Mas sendo através do Superman, Jesus, Alá, Budda, Bob Esponja, ou qualquer outro personagem do mundo, é sempre possível querer ser melhor… Basta você acreditar e tentar…
Filosofias à parte: se você começou a ver Smallville e parou no meio do caminho (diria entre a 5ª e 8ª temporada), tente assistir todas e finalize a saga. Vale muito à pena.
Acho que é isso… Desculpe pelo sentimentalismo barato em algumas partes, mas estava precisando jogar essas besteiras para fora… rsrs… Espero que tenha gostado e, como sempre, comente… A idéia desse blog é ser como uma conversa descontraída num café no trampo, ou ainda, uma bela cerveja com amigos no bar… Sem vocês, são só palavras largadas…
Abraços e sinceros agradecimentos se chegou até aqui… “Up, up and away!”
“Naturalmente está acontecendo dentro da sua cabeça,mas por que é que isto deveria significar que não é verdadeiro?” – (Alvo Dumbledore)
A saga acabou! Filas ao redor do mundo para ver o último filme do mago mais famoso desde o eterno Merlin. Fico pensando se daqui a uns 200 anos “Harry Potter” e outros nomes da série ainda surgirão como referência de magia…
Achei que escreveria antes sobre Smallville (calma!! Estou terminando a oitava temporada e as últimas semanas estão tribuladas… rsrs), mas não resisti em fazer alguns comentários sobre o desfecho da versão cinematográfica. Vamos lá…
A primeira vez que ouvi falar de Harry Potter foi com meu ex-sogro que era fissurado por livros. Lembro dele comprando ainda no lançamento do primeiro livro no Brasil e dizendo que “era a história de um bruxinho que está entrando na escola de magia, e blá-blá-blá”. Juro que tive tanto interesse pelo livro quanto uma criança tem por política internacional… rsrs. O tempo passou, outros livros foram lançados e chegou às telas “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Chris Columbus é um grande diretor e soube manter a essência do livro no primeiro filme e seu sucessor, “Harry Potter e a Câmara Secreta”. No entanto, foi no “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” que me fisgou de verdade.
Como já comentei em outros posts, é quase impossível como manter a linguagem do livro e ficar realmente bom. Adaptações se fazem necessárias para não entediar o público, e foi isso que a Warner percebeu nos filmes seguintes… “Azkaban” foi bem mais “cinematográfico” e “ágil” mesmo deturpando a linearidade do impresso, sem perder a essência. Foi perceptível nos extras dos filmes que J.K. Rowling ficou insatisfeita com o sacrifício efetuado, mas Alfonso Cuarón fez um ótimo filme e achou o tom para os demais filmes da série, mesmo tendo sido substituído por Mike Newell (“Donnie Braco”, “Príncipe da Pérsia” e “Quatro Casamentos e um Funeral”). “Harry Potter e o Cálice de Fogo” e “Harry Potter e a Ordem da Fênix” sofreram um pouco na fidelidade ao livro, mas contextuaram bem o que acontecia no enredo… “Harry Potter e o Príncipe Mestiço” foi o filme preparatório para o grand finale e, na minha opinião, peca um pouco por não mostrar mais da história de Voldemort e suas similaridades com Harry, mas não compromete no geral. O que nos leva a “Harry Potter e as Relíquias da Morte”.
O filme foi dividido em 2 partes, o que achei sensato devido ao nível de detalhes que seriam necessários serem explicados. A direção ficou novamente por conta de David Yates, diretor inglês com poucos blockbusters no currículo, salvo os 2 filmes anteriores da série. Se você lê o livro (acabei comprando a versão em inglês logo que saiu), percebe que tem uma extensa parte de enredo sem ciclo nenhum sendo fechado… Tanto que quando perguntavam “Onde você está no livro? O que é que está acontecendo?”, e acabava sempre dando a resposta “Estou na página XXX e ainda não aconteceu nada…”. Era tanta intriga e amadurecimento psicológico dos personagens, além de muita parte política, que ou explicava-se tudo ou não havia o que definir como ponto alto. Somente quando um personagem carismático morre é que temos um ponto relevante para ser comentado. No filme essa dinâmica é completamente diferente…
A morte citada acima é exatamente o ponto que divide a parte I da II. No entanto, muitas coisas que são explicadas em detalhes na primeira parte no livro acabam sendo um pouco maçantes, e na película se tornam mais agradáveis de ver. Cenas como as conversas de Harry e demais personagens, ou mesmo reflexões de todos, no filme vai muito da interpretação dos atores que, particularmente, acredito que tenham evoluído bastante desde “a Ordem da Fênix”, mas ainda precisam de “um tempero”. Mesmo sem tantas cenas de ação, é mais divertido passar o tempo no filme do que lendo essa parte (tenho certeza que apanharei de muitos amigos por conta dessa frase… rs). A verdade é que respeitaram o clichê “deixar o melhor pro final”.
O último filme fechou com “pomo de ouro” a saga como pouco na história do cinema no que se refere a fenômenos mundiais. Não há dúvidas de que o mérito em sua grande parte é à ótima história escrita pela J.K. Rowling, mas o roteiro adaptado de Steve Kloves (que além de todos filmes da série também fez o roteiro do novo Spiderman) redime qualquer erro anterior nos demais filmes da saga! É divertido… É emocionante… Tem romance na medida certa… Drama também… Mesmo tendo cenas mais extensas no final do que no livro, não aborrece em nada mesmo ficar alguns minutos a mais com a bunda na cadeira. Vale cada centavo gasto (até da pipoca amanteigada e refrigerante…rs).
Vou sempre lembrar desse filme ao longo do meu eterno vício por cinema com um carinho extra, afinal, são 10 anos acompanhando a saga por 2 mídias distintas. Recomendo que vá ao cinema mais próximo e assista o filme. 3D é opcional mas ainda assim dá pau nos Smurfs bombados de James Cameron.
“Espero que Erik saiba que um homen que esquece os pecados passados está fadado a repeti-los.” – (Charles Xavies – Fabulosos X-men #44)
Muito bem… Muito bem… Estou de volta com minhas resenhas sobre filmes… Na verdade ia escrever sobre o filme “Thor” a pedidos da amiga Simone Trovão, mas a época conturbada não me permitiu… Estou preparando (estudando) um post sobre o final de Smallville (Sim!!! Ele virou o Superman!!! Não é demais??? rsrsrs), mas esse vai demorar por conta da nostalgia e insanidade do processo. Afinal, re-assistir uma temporada por semana não é algo que pode se dizer “normal”… rsrs… Mas enquanto não termino a odisséia, vamos ao X-Men:First Class…
Stan Lee é um gênio! Atribuir há quase 50 anos os poderes de super-heróis à Genética por si só já foi um marco… Criar personagens críveis e psicologicamente “analisáveis”… E por fim, contextualizá-los a uma sociedade preconceituosa e amendrotada pela suas habilidades… Até nos dias de hoje isso dá uma bela história!! rsrs. Realmente fez com que qualquer moleque acostumado com desenhos animados “blood-free” e gibis da Turma da Mônica e Disney saltassem um nível na escala da literatura.
Para quem acompanha comics é bem nítido o desespero (e muitas vezes até apelo) das editoras/roteiristas para manterem leitores e expandirem as franquias. Sabe-se lá quantas vezes heróis e vilões morreram e voltaram das cinzas no processo, mas realmente é quase impossível ter uma história com aspectos temporais, mantendo a integridade dos personagens e sem sacrificar alguns leitores no processo. Como citei no meu post do filme “RED”, eu tive esse “salto” para o mundo de comics lendo X-men pela primeira vez aos 12 anos… Até então era muito raro alguém da mesma faixa etária conhecer e praticamente possível não chamá-los de “Xis-men”… rsrs… Desde então “chapei” no negócio e comecei a percorrer bancas e sebos atrás de revistinhas da época da Abril para completar minha coleção… Tenho a edição nº 01 de Wolverine no Brasil (Saga de Madripoor), Arma X original, e diversos outros especiais que saíram ao longos dos anos… Fissurei na saga e por muito tempo discutia por horas a mitologia com colegas, além do sonho de, quem sabe um dia, tornar-me um Homo Superior… Antes que pergunte: sim… Eu sempre fui meio bobo assim… rsrs
Anos se passaram e eu parei de ler por uns tempos X-Men… Nesse meio-tempo o desenho animado começou a passar na TV e inevitável aconteceu: virou febre no Brasil! Wolverine se tornou um nome conhecido, mutante era um termo comum e Ciclope deixou de ser uma figura mitológica… Quem lia os gibis tinha ressalvas quanto ao desenho mas, apesar disso, muito da essência estava lá.nAcredito que isso mudou um pouco na chegada do primeiro filme em 2000.
Alguns amigos da ETFSP me mostraram um artigo de jornal com os supostos atores que fariam os papéis dos mutantes mais famosos do planeta. Dentre eles, o não tão conhecido Russel Crowe estava como favorito para o Wolverine, Patrick Stewart já era, sem dúvidas, o escolhido para o papel de Charles Xavier, e um ator que me decepcionou não ter aceito (ou sequer convidado) foi Clint Eastwood para Magneto. Não há o que falar sobre o grande Sir Ian McKellen, mas quem acompanhou os desenhos feitos ao longo dos anos há de concordar que os traços são próximos (e no caso de Jim Lee, idênticos) ao eterno Dirty Harry. Bom… 2 ou 3 anos depois chega ao cinema X-Men… Fui na estréia com alguns amigos assistir o filme e minha reação imediata foi de incredulidade em como eles haviam mudado toda a origem dos heróis. Levei uns bons minutos de filme para digerir o que estava acontecendo… Adaptação para o cinema nunca é 100% fiel e acredito que foi nesse filme que comecei a sentir isso na pele… Porém, tirando o apego ao original e a falta de sanguinolência de Wolverine (que virou galã de 1,80m mesmo sendo chamado de “nanico” nos gibis), o filme é acima da média e não decepciona como poderia acontecer.
Apesar de ver muitas falhas na trilogia e no filme “X-men Origens:Wolverine”, o entretenimento sempre foi garantido. Algo que também acontece no último filme da saga. James McAvoy como o jovem Professor X ficou bem divertido (uma faceta não tão mostrada no gibi). Michael Fassbender tem uma pegada mais “Magneto” do que o próprio McKellen, não no aspecto físico, mas até quanto à expressão facial de revolta tão inerente a Erik Lensherr. Alex Summers também tem ficou muito legal, assim como a Mística. Banshee tem um aspecto mais “moleque” do que aparentava nos gibis. Moira McTaggert com Rose Byrne deu um aspecto mais sexy à personagem e, na minha modesta opinião, poderiam ter explorado alguns personagens clássicos a mais uma vez que reconstruíram a origem, como Forge, Cristal e (seria bem interessante) Longshot. Mas é querer demais e arriscar que joguem 23894 mutantes na história e prejudique a história (acredito que o filme do Wolverine tenha sofrido um pouco por conta disso…).
Algo que ficou bem legal foi Kevin “Footloose” Bacon como Sebastian Shaw. O Rei Negro ganhou uma estética mais moderna e, em certos pontos, mais cruel. No entanto, não ficou bem definido o Clube do Inferno que, na era clássica dos X-Men, teve um peso enorme nas sagas (afinal, não existiria Fênix Negra sem a interferência do Mestre Mental). E acredito que sejam esses detalhes que mais se perdem nas adaptações.
Pelo que li no Omelete (um site que sigo constantemente e recomendo para quem curte Comics, Filmes e Séries), já estão cogitando a sequência do filme. Não tenho dúvidas que será um sucesso de bilheterias como todos os outros. Contudo, acredito que assim como está acontecendo com Spiderman, um boot viria bem a calhar na franquia. Adaptações são muito legais e dão vida aos personagens que tanto amamos em livros e histórias em quadrinhos. No entanto, acredito que roteiristas abusam demais na hora de adaptar. Como sempre digo em conversas sobre X-Men: VOCÊ NÃO MATA O XAVIER, BICHO!!! rsrsrs… Pode até matar, mas dê uma seqüência para explicar o que aconteceria… Faça uma mini-série e “encham o ânus” de dinheiro como o George Lucas faz… Há espaço para isso… No entanto, há lapsos enormes na história em si, ainda mais se comparadas aos quadrinhos (ou você acha que alguém que leu X-Men por um tempo ficou feliz com o tiro que derrubou dezenas de gibis explicando a paralisia de Charles Xavies?? I don’t think so… rs)
Acredito que esses é apenas um dos exemplos que deve se ter um cuidado ao adaptar lendas de mais 40 anos. Enquanto Hollywood não dedicar uma atenção a esses aspectos, sempre teremos uma certa revolta com (e dos) xiitas do gênero. Mas se você é uma pessoa normal que apenas gosta de cinema, não tenha dúvidas de que irá se divertir demais com o filme.
Sendo você de qualquer uma das “gangues” supracitadas, deixe seu comentário me xingando ou concordando com o que disse. É muito legal ter esse feedback se você teve saco pra chegar até aqui… Valeu!!!
“Ninguém é capaz de escrever bem se não sabe o que vai escrever” (Matoso Câmara Junior)
Engraçado eu citar essa frase nesse texto… Há uns 14 anos eu achei na ETFSP (Escola Técnica Federal de São Paulo) um caderno que na contra-capa tinha essa frase. Como não havia o nome do dono, acabei ficando com ele e sempre o usava para escrever. O engraçado é que procurei especificamente essa frase para iniciar esse post por conta desse caderno…
Meu último post foi inserido há quase 3 meses. Muita coisa aconteceu desde então: viajei para Mendoza para “estudiar español”, marquei data do meu velório (digo, casamento… rs), voltei ao trabalho, tive problemas em família, troquei de computador, reencontrei amigos, toquei com a minha banda Chevy 69, comecei outros projetos pessoais e profissionais, voltei a jogar CS com a galera do trampo (John_McClane is baaaack!!), entre outras coisas. Mesmo com tanto acontecendo, não sabia sobre o que escrever…
Abusei na viagem e comprei uma renca de DVDs, até mesmo aqui no Brasil já tinha vários para assistir… A trilogia “Man with no Name” de Sergio Leone / Clint Eastwood é um ótimo exemplo. Até pensei em escrever, mas não senti o clima ainda (e ainda estou no “For a few dollars more”, o segundo). Quem sabe quando terminar… Talvez tente falar deles cruzando com “Once upon a time in the west” e “The Unforgiven”… Sei lá… A verdade é que nesse momento falta algo que é primordial para escrever: inspiração.
Sei que inspiração não é capaz de produzir algo bom sem transpiração (tentarei evitar os clichês e citar Thomas Edison sobre talento e genialidade, ok? rsrs), mas sem um norte básico, uma epifania, um conceito… sem esses elementos, escrever se torna impossível…
Particularmente, gosto muito de escrever… Há alguns assuntos com os quais me identifico mais, como filmes e música (os quais foram carro-chefe desse blog até o momento), mas pretendo escrever sobre minha profissão, sobre web em geral… Não todos os dias, mas pretendo compartilhar com todos que lêem os posts algo e talvez ensinar algumas coisas que aprendi ao longo dos (poucos) anos na área…
Não vou me prolongar por saber que esse texto prolixo tende a irritar quem o lê. Por isso, agradeço desde já o o seu tempo aqui…
Acredito que com o tempo possa melhorar esse vazio de idéias que me toma no momento, mas por enquanto, só queria compartilhar que pretendo dar continuidade ao Blog logo menos…
Algumas dicas que acredito pertinentes para quem também passa por momentos assim:
Se você gosta de escrever, escreva… Publique… Compartilhe… Eu, por exemplo, creio que saber que não estou sozinho nesse “blank” momentâneo me fará bem…
O primeiro passo sempre é o mais difícil… Por isso, dê-o com segurança! Escreva sobre algo que realmente gosta de uma forma confortável para você. Pode não ser seu melhor texto, mas será o melhor pro momento e servirá de referência para seus textos futuros. A tendência é que sempre melhore…
Pesquise assuntos relacionados para se embasar… Sua opinião nem sempre está bem formada até você perceber que alguém pensa diferente e argumentar contra ou a favor pode reforçar seu texto.
Pelo amor de Deus: o Microsoft Office e o Google estão aí pra te ajudar na parte ortográfica e sintática. Use-os! Um erro de português pode acabar com seu argumento bem formado.
Se você escreve contos (como meu grande amigo Paulo Fodra), acredito que ele aprovará um link do grande Neil Gaiman descrevendo para um grupo de crianças o seu “método” de construção de uma história. Confira aqui.
Divirta-se!!! Acima de tudo, você deve se divertir… Se nem você gosta do que faz, ninguém mais gostará…
Há livros, blogs, apostilas, cursos e tudo mais sobre escrever… Essa lista pode ser infinita… Mas acho que é isso…
Comentários são super bem-vindos… Prometo um assunto mais legal no próximo post…
“A única pessoa no seu caminho é você mesma!” (Thomas – interpretado por Vincent Cassel)
No momento em que começo a escrever, estou assistindo “O Profissional” de Luc Besson. Após sair do cinema deu vontade de voltar no tempo e ver a Natalie Portman no início de carreira. É incrível como uma criança daquela idade consegue ter tamanha imponência na tela.
Desde cedo sempre tive uma queda por ela. Talvez por conta de ser a mãe de Luke e Leia Skywalker (Hey, geek é a mãe!!), ou pelo jeitinho “mulher com um sorriso de menina”, mas ela com certeza estaria meu Top 10. Não é a toa que sempre escuto dizerem que a minha “muié” parece com ela… rs. Estética à parte, vamos ao que interessa: a atriz.
Natalie já contracenou com atores de todos os níveis. Com Al Pacino e Robert De Niro em “Fogo contra Fogo”, com um grande elenco na comédia “Marte Ataca”, dentre eles Jack Nicholson, Michael J. Fox, Glenn Close, Danny De Vito e outros mais. Além disso, não há maneiras de esquecê-la como “the disarming lady” de Jude Law em “Closer”. Padmé Amidala nunca será a mesma depois daquela peruca rosa (uh-la-la…). Eu sei que você está lendo isso e (talvez) dizendo: “Mas por que diabos ele está falando tudo o que já sei/assisti/li?”. Na verdade, é só para fazer a ponte da minha linha de raciocínio para explicar minha modesta opinião sobre o “Cisne Negro”.
Encontrar artistas que se sacrificam pela arte não é fácil… Temos alguns exemplos de mudanças radicais na estética corporal ao longo dos anos que, por mais que mudasse radicalmente (até pro futuro) o corpo, ainda assim os artistas arriscaram… Um exemplo de grande ator que fez isso é Robert De Niro em “Touro Indomável” que ganhou peso para interpretar o papel de Jake La Motta. Há quem diga que o rosto dele nunca mais foi o mesmo depois daquele filme. Outra atriz que passou por isso foi Renée Zellwegger para interpretar os 2 filmes de Bridget Jones. É absurda a diferença dela entre “Jerry Maguire” e esse dois onde ela está chubby. A própria Natalie Portman é um dos exemplos… Quem assistiu a adaptação da obra de Alan Moore para os cinemas, “V de Vingança” (um dia ainda escreverei sobre esse filme mesmo já tendo um bom tempo do seu lançamento), presenciou a cena onde Evey Hammond é torturada e tem seu cabelo raspado. Talvez um processo mais simples que pelo qual ela passou em “Cisne Negro”, mas também difícil (machismo à parte, é mais complicado para uma mulher raspar a cabeça do que para um homem). E ainda assim ela aceitou mais um desafio ao encarar o papel da bailarina Nina Sayers.
Nina é uma bailarina exemplar e faz papel de coadjuvante numa peça do diretor Thomas Leroy (interpretado pelo “Sr. Belluci”, Vincent Cassel), que percebe de sua bailarina principal não tem mais o mesmo resultado com o público como ele gostaria. Eis que ele decide criar uma adaptação “mais visceral” do “Lago dos Cisnes” e procura a substituta para Beth MacIntyre, interpretada por Winona Ryder. Quando Nina é selecionada entre as bailarinas propensas a ganhar o papel, começa a sua jornada.
Para ela, ballet é vida. É aquilo com que ela sonha e vive. Isso é nítido desde a primeira cena do filme. Por isso, todos os movimentos de Nina são sincronizados e perfeitos. Toda essa busca pela perfeição seria perfeita para o papel da Princesa Odette. No entanto, simetria e precisão não é o que melhor se encaixa ao outro personagem que a mesma dançarina teria que interpretar, a irmã má de Odette, Odile. Eis a origem do nome “Cisne Negro”. No momento em que Nina decide lutar para convencer Thomas de que é capaz de caminhar/dançar entre os dois mundos, inicia-se uma sequência de situações estranhas, porém cativantes, que te faz ficar preso na poltrona para saber onde termina a realidade e começa o mundo onírico desperto.
Ouvi diversos (e divergentes) comentários sobre o filme. Desde um cretino que levantou xingando na sessão, passando por pessoas com conhecimento vasto em filmes e cultura pop, chegando até às críticas de “especialistas” em cinema. Ao meu ver, o filme não é o melhor da minha vida… Mas merece todo o respeito e tempo (e dedicação) suficiente para digestão do mesmo. No geral, ele é muito tenso… Sente-se um desconforto ao subir os créditos… Algo físico mesmo… Fecho esse parágrafo apenas reiterando algo em que acredito e muito: não vá ao cinema ver “Platoon” esperando que seja como “Corra que a polícia vem aí”, ok?
Mas voltando ao filme: há quem diga que a menina simplesmente pira na pipoquinha no filme. No entanto, seria simplificar demais e (provavelmente) tirar o verdadeiro mérito do filme (e de Darren Aronofsky).
Para ela, perfeição era o que funcionava! Perfeição no passos… Perfeição na postura… Perfeição no ritmo… Perfeição como filha… Perfeição como ser humano (vide-a defendendo Beth MacIntyre no camarim)… Tudo nela é movido pela perfeição.. Pelo correto… Pelo “dito” correto… Quebrar o ciclo é dolorido demais… No entanto, percebe-se no filme a consciênca de que seria necessário “sair do quadrado” para crescer no meio artístico… É perceptível a sensação de “última chance” intrínseca no processo de escolha da protagonista… Assim como uma atriz, como seria Nina capaz de entender o papel de Odille, a Cisne Negro, se tudo em sua vida era harmônico e “branco”. Ela sequer beirava a fronteira entre os 2 mundos… Com a personagem de Mila Kurnis (Lily), Nina vê a oportunidade de descobrir esse lado… Como se fosse sua nêmesis, elas se envolvem numa amizade conturbada, regada a sensualidade e competitividade, aonde as 2 duelam pela atenção de Thomas e degladiam subliminarmente pelo papel. Nesse processo, nós acompanhamos a sanidade de Nina se esvair em obsessões e medos. Suas atitudes mudam com todos ao seu redor e, no decorrer do filme, acompanhamos os receios dela (principalmente observando a sua antecessora esmaecendo após sua aposentadoria forçada). Tudo caminha para o clímax como toda boa história que é bem contada.
Não gosto de estragar final de filme, por isso, prefiro apenas deixar em aberto um pensamento para (quem sabe) discutirmos em breve: se tudo para ela era perfeição, talvez até mesmo a ausência dela fosse algo em que ela precisava praticar para atingir o máximo possível dessa “assimetria”. E como interpretar algo que não se conhece? Que não se sente? Não seria o caso de ter que trilhar essa estrada para, às suas regras, atingir a excelência dela? E se tudo deve ser perfeito, até mesmo a imperfeição, observar seu futuro em pessoas ao seu redor não faria você querer o ápice da sua profissão e vida? Em suma: até que ponto devemos classificar a loucura como algo invonlutário?
Talvez eu esteja voltando às aulas de faculdade com o professor Roberto Coelho onde discutíamos diversos contextos para um mesmo filme, mas acho que esse é o melhor atributo de filmes como “Cisne Negro”: pensar… Não é um blockbuster onde você senta e assiste sem se importar com que está acontecendo… É uma obra que precisa da sua empatia… Por isso, entre no filme… Situe-se… E acima de tudo: pense!!! Talvez você não esteja acostumado e possa doer um pouco no começo (hehehe), mas é melhor do que se abster de descobrir novas visões do mundo…
Acho que é isso… Assista e volte, pois aguardo seus comentários…
Ah! E acredito que Natalie leva a estatueta esse ano… E você?
“Lembro a primeira vez em que vi o Jeff tocar. Foi depois de saber que ele tinha conseguido o emprego (no Yardbirds). Entrei escondido em um show – você ainda estava no Tridents, tinha o cabelo até aqui – e todo aquele eco maldito em sua guitarra. Pensei ‘Será que eles sabem no que estão se metendo?’” – (Eric Clapton sobre Jeff Beck na Rolling Stone)
Se Deus está dizendo algo assim, quem somos nós, reles mortais, para discutir…
Tenho que admitir que comecei a conhecer o trabalho do Jeff Beck esse ano. Meu grande tio Clemente (responsável também por me apresentar Stanley Clark e Eric Clapton) foi visitar meu pai que estava doente e ao dar uma carona, ele me emprestou o DVD “Jeff Beck Performing this week… Live at Ronnie Scott’s”. Um ou dois dias depois eu coloquei no meu DVD para ouvir enquanto trabalhava e a palavra mais justa para resumir o que rolou na hora: “Fodeu!”… Fiquei abismado com a maneira como ele trata a guitarra… Cresci ouvindo alguns virtuoses que sempre diziam serem fãs de Jeff, além dos ex-Yardbirds Clapton e Page, mas nunca havia dado a devida atenção ao Beck. Nessas horas que você entende a palavra “arrependimento” na sua plenitude.
Ao ler críticas sobre o DVD, em algumas delas diziam ser o melhor registro filmado da carreira dele. Como sou “calouro”, não posso afirmar o mesmo, mas a qualidade sonora, takes, banda (nada menos que Vinnie Colaiuta e a deliciosa e talentosa Tal Wikenfeld, ambos destruindo tudo ao lado de Jason Rebello nas teclas) e participações (Imogen Heap cantando “Rollin’ and Tumblin’” e outros sons, Joss Stone dando seu toque em “People get Ready”, e claro, Eric Clapton tocando e cantando 2 sons: “Little Brown Bird” e “You need love”). Eu classificaria esse DVD tão obrigatório quanto o “Live at Woodstock” do Hendrix, ou ainda “The song remains the Same” do Led Zeppelin. Não apenas para guitarristas / músicos, mas para quem aprecia uma ótima música. E para minha sorte, logo após decorar esse DVD, veio a notícia do show em São Paulo… Não poderia perder de jeito nenhum…
O show estava agendado antes ainda da confirmação do Paul McCartney e acabaram sendo em datas próximas. Quem leu meu post sobre o show do Paul McCartney sabe que realmente é complicado de se competir. Ainda assim, sabia que mesmo com a euforia do show, iria me arrepender se não fosse. Acabei deixando para última hora para comprar o ingresso, o que me custou um “sold out” da Pista Premium. Ainda assim, tive uma ótima visão do palco.
Burocracias à parte do sistema do Via Funchal (só faltaram pedir exame de fezes para um camarada que iria pagar meia-entrada mesmo com carteirinha e comprovante de pagamento da faculdade – e ainda assim não conseguiu), o atendimento dos funcionários é bem legal mesmo estando na chuvinha chata que caía na cabeça dos seguranças. Já na chegada vi o grande Faíska adentrando a casa. Esta aí um cara que tinha certeza que não faltaria nesse show. Cheguei cedo ao local e fiquei aguardando os 3 camaradas que encontraria para presenciar o espetáculo. Nesse meio-tempo, o repertório foi bem escolhido para fazer ambiente: Chuck Berry, James Brown, Fleetwood Mac, e uma renca de coisa boa. Eis que chegaram Kalil, companheiro de banda Chevy69, e Danny-boy, guitarrero sempre presente nos shows da banda e gente boníssima. Paulo Barboza, meu irmão adotivo por parte de Evolution, chegou um pouco depois.
Batemos um papo, acertamo-nos na pista e fomos informados que “a pedido do artista o show não seria exibido no telão”. Conforme disse Kalil: “o bicho é marrento!”. Sempre ouvi comentários sobre a personalidade dele e foi comprovado nesse momento.
Com cerca de 20 minutos de atraso, Jeff Beck no palco, acompanhado pelo baterista Narada Michal Walden, o tecladista Jason Rebello (mesmo do DVD) e a baixista e vocalista Rhonda Smith, que já se apresentou ao lado de ninguém menos que Prince. Showzaço garantido… Era só ouvir a música “Plan B” de saída que isso estava comprovado!
“Stratus” foi a segunda música, seguida de um dos meus temas instrumentais favoritos, “Led Boots”. Nessa, Beck chamava a galera para alternar um “hey!!!” entre os riffs. Carisma puro do mais clássico guitar hero na face da Terra.
A partir daí, até quem não era músico estava envolvido no show e preparado para o que vinha: “Corpus Christi Carol”, linda canção cantada pelo talentoso (e infelizmente falecido) Jeff Buckley, “Hammerhead”, “Mna Na Eireann” e então um espaço para Rhonda Smith “comer com farinha” o contrabaixo por cerca de 5 insanos minutos de quebradeira. Com a galera embasbacada com a técnica da baixista, Jeff já emenda no repertório “People get ready”, talvez sua canção (ou versão, se utilzado o termo correto) mais mainstream. Todos no Via Funchal pararam para atentamente curtir e cantarolar o riff tão marcante e belo. Até achava que Rhonda cantaria a música, mas as notas eram todas produzidas por Beck, que sabe melhor do que ninguém fazer uma guitarra literalmente falar. “You never know” foi a seguinte, fusion de primeira. A sequência foi “Rollin’ n’ Tumblin’”, cover de Muddy Waters com Rhonda Smith soltando o gogó, “Big Block”, “Somewhere Over The Rainbow”, “Blast From The East”, “Angel” (uma linda balada, diga-se de passagem), “Dirty Mind”, “Brush With The Blues”, e para fechar, a perfeita versão de “A Day in the Life”, gravada originalmente no CD de despedida de George Martin (produtor dos Beatles e com quem Jeff trabalhou em 2 grandes CDs: “Blow by Blow” e “Wired”). O jogo de luzes no final da música foi tão bonito quanto grandioso, tal qual o peso que ele consegue colocar no desfecho da canção!
Aplausos e mais aplausos… Um breve agradecimento… Uma pequena pausa… E claro, o bis…
“I want to take you higher” de Sly & the Family Stone agita a galera e põe o pessoal pra dar aquela dançadinha de leve. Uma homenagem a Les Paul com a música “How high”, na qual para a surpresa de muitos, ele troca a guita por uma Gibson Les Paul para tocar o som. Por último, um som do seu último álbum “Emotion & Commotion”, “Nessun Dorma”. Fiquei esperando um “Cause we’ve ended as lovers”, ou mesmo “Scatterbrain”, mas não foi dessa vez…
Com uma simpatia inesperada (afinal, não é todo artista que encana com o telão), Jeff vai ao microfone, apresenta a (fantástica) banda e diz que adorou tocar pela primeira vez em São Paulo (da última vez, ele esteve no Free Jazz Festival em 1998 no Rio de Janeiro).
O show foi até curto (cerca de 2 horas) se analisarmos que foram quase 20 músicas. No entanto, se você já esteve em algum show de guitarristas como Vai, Satriani e outros, vai entender que é complicado fazer um show onde a atenção do público se mantém mesmo sem conhecer a maioria das músicas. Talvez pela estrada de Jeff Beck nos seus 66 anos de vida isso seja natural para ele. A conclusão que posso chegar de tudo isso é que, como guitarrista, vi uma das maiores lendas da história das 6 cordas, um excepcional músico que deixa sua marca onde quer que haja um registro do seu som, provando ser sutil porém característico, como um gênio normalmente é.
Se você ainda não conhece o Jeff Beck, compre o DVD citado e comece a sua jornada… Tenha certeza: você não vai se arrepender…
“Fun is the one thing that money can’t buy” – (Lennon/McCartney)
Acabei de receber a ligação de um grande amigo me informando que o segundo show começou com “Magical Mystery Tour”. Resolvi que esse era o momento de escrever sobre o show em que estive presente no domingo, dia 21 de Novembro de 2010.
Extraordinário, ou talvez sobrenatural, seria a palavra pra definir o que é um show do Sir James Paul McCartney. Eu resumiria como um show perfeito! Na verdade, o certo talvez seria recomendar que o termo “show” relacionado à música tivesse no dicionário o nome dele.
Tudo começa com a febre de conseguir um ingresso. Nos dias de hoje, a fila mudou de lugar. De centenas de pessoas numa fila de pontos-de-venda migramos para o sistema virtual. Meia-noite a fila que seria dividida em diversos estados e cidades (ou mesmo bairros) concentram-se num site apenas, onde a “corrida” se inicia. Tenta Pista Premium, não dá. Tenta Cadeira Coberta, menos. Aí é o desespero e eis que você consegue uma Arquibancada Azul. “Nossa!!! É muito longe!!”. Não se você considerar que a distância alternativa é sua casa… rsrs… Nesse caso, vale tudo!!! Afinal, não estamos falando de uma banda que aparece a cada 5 anos no país. Estamos falando de assistir presencialmente a um show da lenda viva do Rock mundial que – diga-se de passagem – apenas esteve em terras tupiniquins há 17 anos atrás!!!
No intervalo entre compra de ingressos e show tive vários eventos que me distraíram um pouco e reduziram a ansiedade (ou redirecionaram o foco), como um casório de um quase-irmão meu, trabalho pra caramba no emprego e como freela, além do show de uma das minhas bandas favoritas, o Bon Jovi. Mesmo na semana foi meu aniversário de 30 anos, logo, você consegue se desligar um pouco do show no processo. Eis que tudo isso passa e sábado à noite cai a ficha: eu estaria no dia seguinte vendo (praticamente) o último beatle criativo vivo. (Aos defensores do Ringo: acreditam realmente que um show dele seria mais emocionante do que o do Paul??? Desculpe, mas com certeza não… Adoro o Ringo nos Beatles e o defendo lá! Ponto!).
Foi aí que começou o mix de sentimentos. Ansiedade, curiosidade, um “bocadinho” de frustração pela pista premium não conseguida, suspeita de chuva que poderia incomodar bem no show. Mas nenhuma delas se compara em saber que você faria parte da história (mesmo que com ínfima participação) da maior banda de todos os tempos. Nesse lapso momentâneo de reflexão que realmente “o bicho pega!”.
Além de algumas horas na fila, você finalmente consegue adentrar os portões do estádio. Uma pequena revista policial, catracas, passada rápida ao banheiro (uma saga de horrores e odores), águas e bunda na “cadeira” da arquibancada. Ôlas puxadas pelo pessoal, bexigas pobremente distribuídas com ricas intensões, empurra daqui, cerveja na cabeça (sem querer) dali, vendedor de água e afins com isopor nas suas costas e todo o pacote “show de rock n’ roll em estádio sem camarote VIP de artista global”. Quem quer outra vida??? rsrsrs.
Às 21:10hs, aproximadamente, começa nos telões um vídeo-montagem com diversas fases da carreira de Paul. A Era Cavern Club, Hamburg, Ed Sullivan, filmes como “A Hard Day’s Night” e “Help!”, tudo ao som de várias de versões das músicas dos Beatles por outros artistas e alguns remixes dos sons do próprio Paul. Honrando a famosa pontualidade britânica, o remanescente da dupla Lennon-McCartney entra com sua banda no palco montado no estádio do Morumbi.
Particularmente, eu sou fanzaço da formação que está com ele. Desde que assisti o DVD “Back in the US” em 2002 pela primeira vez fiquei fã de todos. Rusty Anderson dispensa comentários extras tendo em seu currículo participações com diversos artistas renomados como Elton John, Joe Cocker, Willie Nelson, Jewel e The Wallflowers (curiosidade: a guitarra de “Livin’ la vida loca” de Ricky Martin foi gravada por ele… rs). Bryan Ray me surpreendeu bastante, pois nos DVDs em que o vi, sua presença era muito mais de apoio, o que provou que eu estava completamente mal-informado. Além de fazer guitarras (e solos bem compostos) em diversas músicas também é responsável pelo baixo em diversas canções, respeitando as linhas criadas pelo patrão. Ele também já foi guitarrista de Joe Cocker e Peter Frampton, além do eterno (realmente, ele não morre!!!) Keith Richards. Paul “Wix” Wickens é o tecladista e responsável pela direção musical da banda e único remanescente da antiga formação, trabalhando há 21 anos com Paul. O cara já trampou com o David Gilmour, o que pra mim já resume o currículo nessas 2 palavras. Deixei por último o que mais me surpreende cada vez que o vejo: Abe Laboriel Jr. É um absurdo ouvir e ver esse monstro em ação. Pegada incisiva, respeito às composições originais, tanto dos Beatles quanto do Paul mesmo, além de bom gosto nas improvisações/adaptações. Impagável vê-lo dançando no show ao som de “Dance tonight”, levando o estádio inteiro às gargalhadas. No currículo dessa fera estão nomes pequenos: Eric Clapton, Les Paul, Steve Vai, Seal e (pasme) até Lady Gaga. Time formado (há tempos) e entrosado. Já era de se esperar o show que estava à nossa frente.
Com um repertório bem mesclado, Paul sobe ao palco exatamente às 21:30hs e começa o espetáculo. “Venus and Mars” suavemente nos ambienta e prepara o público suavemente. “Rockshow” começa a esquentar o pessoal e, como que por magia, uma virada nos leva a “Jet”. Começa a cair sua ficha de onde você está!!! “P*##@!!! Eu to no show do Paul McCartney!!!”. Aí não tem mais volta… O mix de emoções toma conta. Sua garganta é fraca perto do que você quer gritar pra cantar junto. É nessa música que percebemos que, ao mesmo tempo em que ouvimos um p@#4 som, estamos tendo uma aula do que é o rock ao longo dos tempos. É o primeiro momento onde o estádio se junta cantando “Ooohh’s”.
Primeira pausa, um pouco de português (mesmo que consultado) que o ex-beatle nos direciona, com uma simpatia que idioma qualquer a transpareceria, ele dá as boas-vindas e em seguida tira qualquer dúvida do porquê de mais de 60 mil pessoas estavarem ali: “All my loving”. A primeira lágrima corre. O sentimento de satisfação pessoal de ver o criador executando sua obra. Aquela exata música já foi emanada de sua garganta centenas de vezes em casa, no trabalho, no carro, ou mesmo num palco com menor magnitude, tocada de maneira amadora, sincera e emocionada. Em seguida, “Letting Go”. A galera dá uma leve caída no ritmo até que se ouve o riff de “Drive my car”. Novamente, “P#@$ que o pariu! Tô no show do Paul!!! C@#$lho!!! Beeh beeh Beeh beeh, yeah”. “Highway” em seguida que, apesar de ser menos conhecida, leva a galera gritar no refrão como uma boa canção pop deve ser.
Desse ponto em diante, a sequência de clássicos não parou. “Let me roll it”, “Long and winding road” (confesso que achei que nunca veria essa música ao vivo mais do qualquer outra e fiquei extremamente feliz de ele ter tocado). “1985” e “Let me in” foram as próximas, até um momento emocionante da noite. Antes de tocar a linda canção “My Love”, Paul solta em português: “Essa música é para minha gatinha, Linda, mas essa noite é para todos os namorados”, com o sotaque digno de um gringo se esforçando. Mais lágrimas correm ao abraçar minha noiva e dançarmos ao som.
A primeira sessão acústica começa com “I’ve just seen a face”, outra que adorei ouvir. “And I love her” e “Blackbird” fizeram o estádio cantar junto. “Here today” é a música que ele fez para John Lennon, levando o estádio a gritar o nome do falecido beatle antes do início da mesma. Olhando ao redor, você vê pessoas discretamente chorando por lembrar a perda que o mundo da música teve. Sem deixar a peteca cair, “Dance tonight” (com Abe mostrando toda sua ginga.. rs), e outro clássico do álbum “Band on the run”, “Mrs. Vanderblit”.
“Eleanor Rigby” não precisa de nenhum comentário por si só. Então, assim como na música para Lennon, Paul anuncia que fará uma em homenagem a George Harrison. Nesse momento, agradeci a Deus por não ter pesquisado nada sobre o show previamente, tentando manter aquela surpresinha que você ainda tinha na época pré-internet. Apesar de já ter ouvido a versão “Something” dos DVDs, não tinha a menor idéia do que me esperava:
Não conseguiria descrever o sentimento que tive ao final da ponte quando toda a banda se junta a Paul, já com o maravilhoso e único solo criado por Harrison para o álbum Abbey Road. Minha admiração por Rusty se justifica nesse momento com respeito a cada nota do solo (se um solo é perfeito, o simples fato de você o reproduzir já é um mérito!). Brian Ray duplicando cada nota do baixo criado por Paul na gravação original. Perfeito! Não consegui segurar a emoção e lágrimas e soluços tomaram conta de mim… Sentia-me uma criança que ganhava aquele brinquedo que tanto esperava e ao mesmo tempo o lembrava de um ente perdido ao pegá-lo em mãos. Juro que não consigo transcrever o sentimento.
Estava tão extasiado que nem dei conta de “Sing the changes”. Só voltei à razão quando percebi o beat no ritmo de “Band on the run” começando. Ao ouvir o riff de guitarra, soltei a frase mais sincera possível: “Já posso morrer feliz!”. De longe, essa é a minha música favorita da carreira solo de McCartney. A progressão rítmica e harmônica prova a genialidade que só um ser iluminado conseguiria ter.
“Obla Di Obla Da”, “Back in the USSR”, “I’ve got a feeling”, “Paperback Writer” deram continuidade a sessão de clássicos. Para a minha surpresa (novamente), ouço a introdução de “A Day in the life”. Incrível! Mesmo sendo uma “música do Lennon”, foi demais ver Paul tocando. Ainda mais emendando com “Give peace a chance”, regada a balões brancos voando pela pista e arquibancadas. Você percebe que até Paul estava surpreso com a atitude do público.
A música que segue tem um significado extra pra mim. “Let it be” é a música que cresci ouvindo minha mãe dizer o quanto era especial. Inclusive, ela gostaria de ter entrado na igreja em seu casamento com essa melodia, mas o padre na época proibiu (looonga história.. rs). A tecnologia me permitiu ligar para ela às 23:30hs para que ouvisse a música inteira. Acredito que era o mínimo que poderia fazer uma vez que ela não quis ir ao show.
“Live and let die” é uma porrada na cara, com direito a fogos de artifício e tudo mais. Encenando como se estivesse velho demais para aguentar a música, McCartney troca de piano, faz um Fá maior e puxa o hino do “sing along”, fazendo o estádio (com certeza inteiro) cantar: “Hey jude”. Numa versão de cerca de 10 minutos, duvido que alguém naquele estádio não se daria por satisfeito após presenciar esse momento.
Após uma pequena pausa, ouvimos o riff clássico de “Day Tripper”, seguido de “Lady Madonna”, e “Get Back” fecha o primeiro bis.
Paul e Wix voltam para o grand finalle com as bandeiras do Brasil e Inglaterra, respectivamente. Paul pega o violão e faz a música mais tocada de todos os tempos, “Yesterday”. Estádio inteiro canta com ele e se prepara para as últimas músicas. “Helter Skelter” vem lavar a alma de qualquer fã do “White Album”, e pra finalizar, “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (Reprise) / The End”. Apesar do “belo tombo” que Sir Paul McCartney tomou logo que saía do palco com os presentes entregues pelo público, percebe-se do que um showman é feito: levanta e ergue os braços para o público, que vai ao delírio. Pronto!
Se você leu até esse momento, agradeço desde já! Sei que o texto é longo e talvez eu tenha sido prolixo, mas queria deixar essa lembrança até mesmo para que eu possa ver no futuro. Além disso, gostaria de compartilhar um momento tão especial. Beatles, sem nenhuma comparação, foi a melhor banda de Pop-Rock de todos os tempos. Não é qualquer banda que consegue após 40 anos de sua separação estar no Top 10 de uma década como artista que mais venderam álbuns. Toda a mitologia criada, toda a história vivida por eles (e seus fãs), as composições geniais que são, se você analisar friamente, de “caipiras da Inglaterra”! Tudo o que se refere a eles é rodeado de uma energia única. Desculpe os fãs de outras bandas, mas não há realmente como comparar.
Acredito que cada um dos 60 mil presentes no estádio nesse domingo (e na segunda) tem uma opinião sobre o show, sentimentos que viveram, lembranças que voltaram ao som dos acordes. Posso até ter esquecido de algum detalhe, ou mesmo trocado as bolas quanto a alguma sequência de eventos…Sei que muito mais poderia se escrito… Muito mais mesmo… Mas fica apenas esse humilde relato do que foi estar presente no show da maior lenda viva da história da música popular mundial. Agradeço a Deus (seja lá como você o chama), aos amigos que compartilharam o momento, família, Carol, e ao próprio Paul McCartney (que nunca lerá esse texto) por ter me provido um dos dias mais marcantes da minha vida.
“Nunca imaginei que diria isso de novo, Frank: é hora de pegar o porco!!!” – Marvin Boggs
Tenho que admitir: apesar de adorar comic books, meu repertório é relativamente irrelevante. No entanto, graças a Hollywood, é possível visualizar um pouco do que há de legal nesse universo.
Comecei a ler X-men com 11 anos através de um grande amigo meu. A primeira história que peguei em mãos foi da edição 43 da Editora Abril, onde os 8 integrantes que passaram no portal agora viviam na Austrália e essa história tinha o Wolverine matando um humano que havia sido infectado pela Ninhada com o punho no queixo dele (“snikt!”). Apesar de fazer cerca de 18 anos, lembro da sensação de euforia por achar um gibi com “tamanha violência”. Com o tempo, a inocência vai se perdendo e você buscar por mais. Sandman, Watchmen, Hellblazer e alguns outros. Muitos deles já foram convertidos em películas com resultados adversos. E é por isso que eu resolvi escrever esse post com minha modesta opinião sobre RED.
Admito que não tinha lido o gibi quando vi o trailer do filme, mas realmente me interessou. Afinal, com Bruce Willis, John Malkovich, Morgan Freeman e Helen Mirren (como assassina!?!) no elenco, Back in the Saddle (Aerosmith) fantasticamente editada no trailer, e Frank Moses suavemente saindo de um carro rodopiando para atirar no bandido, só se você REALMENTE odiar filmes de ação para não querer correr pro cinema, pegar a pipoca e não desgrudar da poltrona até os créditos.
Uma das decisões que tive ao ver o filme (e normalmente tenho para filmes de livros/quadrinhos) é, uma vez que não li o gibi/livro, evitar fazê-lo antes de assistir. Motivo simples: em 99% dos casos, a história escrita tende a ser melhor de longe. E assistir ao filme já com um conceito pode estragar a experiência.
Foi com a mente limpa que me dirigi ao cinema para ver RED. Apesar de ter lido críticos dizendo que Willis estaria como um pseudo-John-McClane, percebe-se de saída que a proposta está longe disso. Há uma forte veia cômica ao redor do personagem mas não diretamente dele, algo que temos nitidamente nas frases de efeito da saga Die Hard. Lendo depois os quadrinhos de Warren Ellis que encontrei na web (e com certeza comprarei), Moses tem um perfil mais sanguinário e (quase) psicótico. A ambientação tanto do impresso quanto do filme é similar, mas souberam adaptar para o cinema de maneira pertinente.
Os personagens inseridos na adaptação tornam o filme divertidíssimo de se assisitir. Morgan Freeman dispensa comentários. Como citei acima, Helen Mirren bancando uma assassina incorrigível na pele de uma dama convence só por visualizá-la nessa situação. Mary-Louise Parker faz o papel do “caso” de Frank Moses (que no gibi é uma funcionária administrativa da CIA) e está muito divertida como donzela em perigo. Mas quem rouba a cena do filme com certeza é John Malkovich.
Não há como negar que ele nunca teve a aparência mais sã do mundo, mas nesse filme elevaram ao extremo essa característica. Eu desafio qualquer ser humano normal não dar sequer uma gargalhada com seu papel de Marvin Boggs, um ex-agente paranóico e obcecado por conspirações governamentais. Eu classificaria como quase impossível.
Tá bom… tá bom… Há tempos que Hollywood não traz roteiros realmente originais e sem se basear em livros, gibis ou jogos (sem contar os remakes). Realmente o filme parte muito mais pro lado cômico ao invés do político que é mais forte na mini-série em quadrinhos, mas se você gosta de filmes de aventura de qualidade com pitadas certas de humor, pegue a(o) namorada(o) ou um amigo e veja a sessão mais próxima. Se você não se divertir, pode vir me xingar aqui.