“Nunca imaginei que diria isso de novo, Frank: é hora de pegar o porco!!!” – Marvin Boggs
Tenho que admitir: apesar de adorar comic books, meu repertório é relativamente irrelevante. No entanto, graças a Hollywood, é possível visualizar um pouco do que há de legal nesse universo.
Comecei a ler X-men com 11 anos através de um grande amigo meu. A primeira história que peguei em mãos foi da edição 43 da Editora Abril, onde os 8 integrantes que passaram no portal agora viviam na Austrália e essa história tinha o Wolverine matando um humano que havia sido infectado pela Ninhada com o punho no queixo dele (“snikt!”). Apesar de fazer cerca de 18 anos, lembro da sensação de euforia por achar um gibi com “tamanha violência”. Com o tempo, a inocência vai se perdendo e você buscar por mais. Sandman, Watchmen, Hellblazer e alguns outros. Muitos deles já foram convertidos em películas com resultados adversos. E é por isso que eu resolvi escrever esse post com minha modesta opinião sobre RED.
Admito que não tinha lido o gibi quando vi o trailer do filme, mas realmente me interessou. Afinal, com Bruce Willis, John Malkovich, Morgan Freeman e Helen Mirren (como assassina!?!) no elenco, Back in the Saddle (Aerosmith) fantasticamente editada no trailer, e Frank Moses suavemente saindo de um carro rodopiando para atirar no bandido, só se você REALMENTE odiar filmes de ação para não querer correr pro cinema, pegar a pipoca e não desgrudar da poltrona até os créditos.
Uma das decisões que tive ao ver o filme (e normalmente tenho para filmes de livros/quadrinhos) é, uma vez que não li o gibi/livro, evitar fazê-lo antes de assistir. Motivo simples: em 99% dos casos, a história escrita tende a ser melhor de longe. E assistir ao filme já com um conceito pode estragar a experiência.
Foi com a mente limpa que me dirigi ao cinema para ver RED. Apesar de ter lido críticos dizendo que Willis estaria como um pseudo-John-McClane, percebe-se de saída que a proposta está longe disso. Há uma forte veia cômica ao redor do personagem mas não diretamente dele, algo que temos nitidamente nas frases de efeito da saga Die Hard. Lendo depois os quadrinhos de Warren Ellis que encontrei na web (e com certeza comprarei), Moses tem um perfil mais sanguinário e (quase) psicótico. A ambientação tanto do impresso quanto do filme é similar, mas souberam adaptar para o cinema de maneira pertinente.
Os personagens inseridos na adaptação tornam o filme divertidíssimo de se assisitir. Morgan Freeman dispensa comentários. Como citei acima, Helen Mirren bancando uma assassina incorrigível na pele de uma dama convence só por visualizá-la nessa situação. Mary-Louise Parker faz o papel do “caso” de Frank Moses (que no gibi é uma funcionária administrativa da CIA) e está muito divertida como donzela em perigo. Mas quem rouba a cena do filme com certeza é John Malkovich.
Não há como negar que ele nunca teve a aparência mais sã do mundo, mas nesse filme elevaram ao extremo essa característica. Eu desafio qualquer ser humano normal não dar sequer uma gargalhada com seu papel de Marvin Boggs, um ex-agente paranóico e obcecado por conspirações governamentais. Eu classificaria como quase impossível.
Tá bom… tá bom… Há tempos que Hollywood não traz roteiros realmente originais e sem se basear em livros, gibis ou jogos (sem contar os remakes). Realmente o filme parte muito mais pro lado cômico ao invés do político que é mais forte na mini-série em quadrinhos, mas se você gosta de filmes de aventura de qualidade com pitadas certas de humor, pegue a(o) namorada(o) ou um amigo e veja a sessão mais próxima. Se você não se divertir, pode vir me xingar aqui.
Acho que é isso… Bom filme!!!